segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Reembolso de parte do empréstimo ao FMI?



Foi notícia, há pouco tempo, que o Estado Português pretende devolver cerca de 14 mil milhões de euros ao FMI, fruto do empréstimo de 26.35 mil milhões aquando do resgate.

O Estado paga, por este empréstimo, uma taxa global de ~3.5%.

Tendo em conta a última operação de emissão de dívida a 10 anos e a taxa conseguida de ~2.5% faz todo o sentido emitir o máximo possível, para abater a essa dívida e poupar nos juros.

De acordo com o site do FMI e com cálculos meus a poupança seria, em média anual, superior a 200 milhões de euros em juros até 2019.

Este valor representa mais de 0.1% do PIB e. por isso, faz todo o sentido acelerar a venda de dívida e o reembolso ao FMI.

Se falarmos de dívida a 5 anos, cuja taxa é de ~1.5%, a poupança duplicaria e o resultado financeiro seria brutal: cerca de 1% do PIB nos próximos 5 anos.

Assim, não resta outra hipótese racional que não seja a emissão de dívida (seja via obrigações ou mesmo certificados) para a sua substituição direta pela do FMI.

Até breve!

15 comentários:

Paradigm + disse...

tenho uma divida, esta nova divida tem uma taxa de juro fixa de 1,5%!? ou é variável!?

Paradigm + disse...

A minha duvida é se daqui a uns 2 ou 3 não estamos novamente aflitos com as taxas subir e solicitar novos empréstimos.

Trader disse...

Os bilhetes do tesouro (prazo até um ano) e as obrigações do tesouro (prazo superior a um ano) têm taxa fixa, que se calcula no momento da sua emissão e reflete a procura existente.
Há um leilão, os interessados apresentam as suas propostas e o Estado atribui a dívida de modo a pagar o menor juro possível.
Essa taxa é fixa ao longo do prazo do empréstimo.
Atualmente assistimos a taxas muito baixas e, por isso, será boa ideia emitir para reembolsar o FMI que nos exigiu taxas de 3.5% quando nos financiou o resgate.
Quanto ao futuro, nunca se saberá.

Paradigm + disse...

Parece poupança 100% garantida.
A melhor coisa a fazer, sem duvida, mas a coisa parece continuar a crescer e o discurso um pouco omisso dá a ideia que vamos pagar isto com o produto e não com novos empréstimos.
De qualquer forma o seu artigo é bastante claro, ao contrário de algumas noticias que quase nem se nota que é feita uma apenas uma redução o valor dos juros e não da divida, usando o titulo "pagamento antecipado"

Trader disse...

O Estado ainda tem défice, e este tem de ser compensado com dívida.
Só quando se gerarem excedentes a dívida poderá começar a ser reduzida, em valor absoluto.
Até lá, há que fazer a melhor gestão possível e tentar pagar o mínimo de juros.

ONAMARRE disse...

Então é com divida que se compensa um défice ? É absurdo! Divida, seja ela qual for, só fará aumentar o défice. Para compensar um défice, é preciso produzir mais, e dispensar menos, certo ?

Trader disse...

Isto é o acontece sempre, não significa que eu esteja de acordo.
Se eu ganho 100 num mês e gasto 110, tenho de ficar a dever os 10 a alguém ou recorrer a poupanças.
No mês seguinte, se tornar a ganhar 100 apenas poderei gastar 89 para saldar a dívida de 10 e pagar 1 de juros.
Com os Estados é a mesma coisa.

Paradigm + disse...

Mas sendo que gastou (precisando ou não) de 110, ganhou 100 e pediu 10, não pode andar eternamente a cortar nos gastos, pk é facil de prever que nem sempre é possível e o mais provável e o que tem acontecido é aumentar a divida.
Seria muito mais interessante, alem do 100, ganhar os 110, pk parece que precisou de 110 e não de 89.
Pobreza não paga dividas, ninguém trabalha de barriga vazia e se o trabalho não rende o pessoal desanima, agora estar a trabalhar por 100 e ter de dar desses 10, 20 e depois 30 todos os meses por desequilibro na receita é burrice.

Usando a sua lógica, dentro de alguns anos podemos fechar o SNS, acabar com a escola publica e passamos só a pagar os juros, sem qualquer garantia que alguma vez na vida essa divida termine.

Concordando com o ONAMARRE, é preciso aumentar a receita de alguma forma, e não incluir mais divida nos encargos. Já ontem era tarde, mas este governo é mais amigo de quem lhe come o dinheiro em juros, do que o povo que tentar criar riqueza.

Trader disse...

A receita dos Estado vem... dos impostos. Estes estão já muito altos e, por isso, se tem de reduzir a despesa.

Acredito que tem de se tentar aumentar a receita (combate à fraude e evasão fiscais) e diminuir a receita (optimização de recursos).

Em 2014, relativamente a 2013, o Estado aumentou a receita fiscal em 858M€ e diminuiu a despesas corrente primária em 639M€, o que representa quase 1% do PIB.

Se tomou as medidas certas, é discutível. Que melhorou as contas, parece ter sido o caso.

Com a diminuição das taxas e a diminuição da necessidade de emissão de dívida nova, resta à economia começar a crescer e assim a receita aumentar também, até ao ponto em que possamos pagar os juros e começar a diminuir a dívida, em valor nominal.

Não é uma equação de resolução fácil, e não se resolve em meia dúzia de anos o problema que levou décadas a crescer.

Eu não concordo que se gaste mais do que o que se tem, mas isso foi a opção dos políticos que elegemos para nos governarem, durante muitos anos.

a propósito:
como acabar com défices acima de 3%?

A fatura chegou agora, resta-nos produzir o máximo que conseguirmos para começar a reduzir a dívida.

Paradigm + disse...

Para aumentar o volume de dinheiro arrecadado em impostos a ideia mais inteligente nem é aumentar as taxas mas sim a base de incidência. Aumentar as taxas é a solução fácil e errada, tentar aumentar a produtividade diminuindo custos e desinvestindo é mandar um tiro pé, burrice.
Considero que investir é diferente de gastar mal, como por exemplo gastar o dobro em contractos no ministério da defesa quando até a minha avó sabe como funcionam esses processos de compras.

Veho no seu discurso é um pouco de positivismo e mais, é tipo: 1 dia levam 10, hoje já roubam 9, noutra 8,1 etc e vc resume e comenta: "isto tá a melhorar", sem duvida, 10 é pior. O que fazer? proteger o bolso? não, amanha é só menos vamos sorrir e fazer uma festa.

Unknown disse...

Se com os Estados fosse a mesma coisa...a divida diminuiria. Não é o caso, ela só aumenta e sobretudo com este clima económico desfavorável, ela não vai parar de aumentar cada vez mais. Um dia isto vai arrebentar.

Trader disse...

Não é a mesma coisa, mas quase... No "Estado" ainda entram as contas, por exemplo, das empresas públicas de transportes e dos hospitais epe que podendo ter resultados operacionais nulos ou positivos têm uma dívida acumulada muito grande com grande volume de juros pagos e, isto, impede a dívida de descer.

A dívida poderá, a partir de certo momento, estagnar em valor e, com o aumento do PIB, diminuir relativamente a este.

Para já, contas equilibradas e juros em mínimos são aquilo com o que o Estado pode contar e lhe vão dando uma ajuda às suas contas.

Unknown disse...

Trader, esqueceste-te de falar das PPA, que têm sempre um resultado positivo para os privados e sempre negativo para o Estado, fazendo sim, a divida acumular-se cada vez mais. Quanto ás Empresas Publicas, nós descontamos todos os meses para que elas continuem lá a render serviço ao povo. Nem se devia pôr a questão se elas têm um saldo negativo ou positivo. Estou é sim de acordo que se tenha de ter uma gestão equilibrada se necessário, mas nunca pôr em causa o serviço publico sob nenhuma forma. As Empresas Estatais, não foram feitas para serem pensadas numa perpectiva de qualquer coisa que se tenha de ter um dito cujo "saldo positivo".

Trader disse...

GanGdaErvilha, obrigado por comentar.
Se percebi bem, queria referir as PPP correto? Concordo que são problemas imensos que o Estado criou em benefício de alguns e agora são um bico de obra para resolver...
Também concordo que as Empresas Públicas estão para servir o povo com bens e serviços básicos mas isso não significa que não sejam geridas de forma ultra rigorosa para o bom aproveitamento do dinheiro público. O rácio gasto/habitante tem de ser bem controlado mas não endeusado.
Caso gritante que conheço bem, o abandono do interior por parte do Estado, por de lá tirar centros de saúde, repartições de Finanças ou escolas.

Unknown disse...

Exacto, referia-me ás PPP. Minhas desculpas pelo erro. No meu ponto de vista o termo "rácio gasto/habitante" é muito subjectivo. É algo que na verdade, nunca se poderá controlar enquanto os serviços públicos ficarem sob a alçada do Estado. Poderá haver um controlo sim, se as ditas entidades públicas forem privatizadas. Mas aí deixariam de ter o carácter de um serviço público para passarem a ser um "serviço privado". E poderíamos alongar-mo-nos de tudo o que poderia advir se assim fosse. Vejo como exemplo flagrante deste tipo de serviços ou metodologia, os EUA, que só proporcionam qualidade de vida, a quem tem possibilidade financeira, ou capacidade de fazer um crédito. O que se passa nos EUA, é algo diametralmente oposto á mentalidade Europeia, onde o "social" teve, e ainda tem, um papel preponderante. Bem, este tema agora daria pano para mangas para se passar dias e dias a discutir, apenas digo que o Estado deve assumir o serviço público, sem sequer se preocupar com cálculos de gasto por habitante. Estar-se ia a mandar para o lixo, a "Solidariedade" que temos de ter para com os mais expostos ás circunstâncias menos favoráveis de suas vidas.