segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A pressão nas contas públicas do desemprego



Partindo do princípio que é muito difícil mexer nas prestações sociais e nos salários da função pública, e que o efeito de eventuais mexidas apenas seria visível a médio prazo, não há incentivo a que um governo que se mantém apenas 4 anos no poder possa avançar grande coisa nestes assuntos.

Assim, resta o crescimento económico.

Pelas minhas contas de merceeiro, um acréscimo do emprego em 1%, teria impacto directo nas contas públicas de, pelo menos, 0.1% do PIB. Portanto, é aqui que se pode mexer, no imediato, e deixar outros temas mais sensíveis para depois.

Dotar o país de condições para atrair investimento é fulcral, e se pensarmos numa taxa de desemprego em torno dos 9%, teríamos impacto direto de cerca de 0.5% do PIB nas contas do Estado.

Assumindo este cenário, seria a altura certa para rever as pensões e a questão do financiamento da saúde, transferindo para os cidadãos uma responsabilidade acrescida nestes campos.

Mais uns dias e teremos as contas dos primeiros 9 meses do ano e procederei à análise habitual.

Até breve!

2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia,
Desculpe-me, mas o sua sugestão sobre a saúde, é de uma profunda falta de sentido de estado e de uma utopia de mercado infantil.
O sistema de saúde mais do que ajudar os mais fracos baseia-se na ideia de que o azar pode-nos bater à porta a qualquer hora. Eu, cidadão português, tenho muito orgulho em viver num país em que desconto para um "bolo" para pagar despesas de saúde ,incomportáveis para qualquer um, mesmo os mais ricos, como são cancros, evacuações e cuidados intensivos, internamentos prolongados, etc. Todos os dias pago e todos os dias espero não precisar de gastar um cêntimo desse tal "bolo".
Queira-me falar de reduzir comparticipações de medicamentos de colesterol, tensão alta e outras doenças comportamentais e evitáveis, queira-me falar do que aconteceu na China há dias de uma farmacêutica ter sido condenada (em centenas de milhões de euros) por pagar viagens a médicos em troca de prescrições, aí há discussão. Agora eu, como cidadão, ter que o ver a esvaziar-se em sangue à porta de um hospital por não ter dinheiro para entrar. Não obrigado.

Vai me desculpar mas já vivi em vários países onde se paga para entrar num hospital para entrar.

Melhores cumprimentos,

Filipe Reis

Trader disse...

Olá,

agradeço o comentário e gostaria de clarificar, tanto quanto é possível num blog, alguns dos meus pontos de vista.

Penso que se refere a este parágrafo:

Assumindo este cenário, seria a altura certa para rever as pensões e a questão do financiamento da saúde, transferindo para os cidadãos uma responsabilidade acrescida nestes campos.

No essencial concordo consigo, mas eu apesar de não ter vivido em muitos países, vivo num em que se os meus pais tiverem uma emergência às 20h30, não têm um médico a menos de 30kms e se eu tiver de ir com o meu filho a uma urgência (ao hospital distrital da minha residência, a + de 50 kms de casa) não tenho pediatra disponível;

tal como existem muitas consultas nos centros de saúde que não se realizam por falta do utente, sendo ele até isento de taxa moderadora; é justo para quem está em lista de espera e poderia ser atendido mais rápido?

tal como, em cidades grandes, os funcionários públicos têm direito a ir a uma urgência privada porque lhes fica mais barato que ir a um hospital público, deixando para outros o pagamento do valor real das consultas; é justo?

tal como existem muitas pensões de valores muito elevados quando deveria haver uma forte progressividade no seu cálculo.
Exemplos:
salário médio 500€ -> pensão 400€
salário médio 1000€ -> pensão 650€
salário médio 2000€ -> pensão 950€.
A olho, a saúde responde por cerca de 1/4 da despesa do Estado Central e as pensões pagas apenas são suportadas entre 1/4 e 1/2 pelas contribuições atuais.

Parece-me que uma limitação (do lado das pensões com fórmulas de cálculo mais realistas) e um alargamento dos cuidados de saúde em termos geográficos e de especialidades médicas seria justo.

O que defendo é destapar um pouco de um lado (pensões a partir de um certo valor) para abranger outros serviços essenciais (saúde).

O que defendo é verdadeira igualdade, tolerância e solidariedade entre cidadãos, regras claras e tratamento humano a quem dele precisa.

O que defendo é uma solidariedade inter-geracional e inter-geográfica mais forte no nosso país.

Até breve!